É perceptível até para os mais leigos o quanto o crédito no Brasil está muito mais acessível do que há anos atrás. Esse é um fator determinante para o aquecimento da economia e do consumo, que cresceu a taxas nunca antes testemunhadas pelos brasileiros.
O único problema é quando esse consumo sai do controle, ultrapassando os limites que o indivíduo consegue assumir. Segundo indicador da Confederação Nacional do Dirigentes Lojistas (CNDL) e SPC Brasil, que mede a inadimplência do consumidor, o sudeste - centro econômico do país e região de maior estímulo ao consumo - lidera o aumento das pendências não pagas no mês de Julho. Se comparado com o mesmo mês no ano passado a alta é de impressionantes 5,32%.
Apesar disso, a grande maioria dos brasileiros não se reconhece como consumista. Em uma pesquisa global feita pela agência de publicidade WMcCann e antecipada ao Valor Econômico, 68% dos entrevistados tem essa opinião, apesar de 61% afirmar que é impossível se desligar das compras (contra 38% da média da pesquisa) e 89% confessar que as pessoas estão mais materialistas do que há 10 anos atrás. OK... então o mundo "piorou", mas eu continuo o mesmo.
Pela experiência dos consultores da WG, grande parte do motivo dessa discrepância entre como os brasileiros se veem socialmente e suas atitudes reais está na crença de que o seu consumo recente é fruto de desejos de compras que foram reprimidos por muito tempo: O sonho da casa própria, a aquisição de um carro de luxo, a compra de roupas de marca e aquela viagem que nunca conseguimos comprar...
O resultado é uma população mais endividada do que nunca, sem instrução nem conhecimento para sair dessa situação. Muitos nem mesmo sabem da dimensão do seu problema e continuam com as mesmas atitudes por acreditar que "tem direito", fazendo parte daqueles 68% que acreditam não ser consumistas. É o caso do "não-consumista" que ganha mais que 50% da população, não tem dinheiro para pagar todas as contas que assumiu e ainda acha que o problema está no país, no governo, no patrão...
Para não fazer parte desse grupo, o primeiro passo é a conscientização dos indivíduos em relação ao seu orçamento, que deve ser acompanhada de um planejamento mensal para que o gasto excessivo não aconteça, e mais ainda: que seja possível poupar ao menos um pouco para evitar o efeito dos chamados imprevistos.
Caso precise de ajuda nesse processo, conte com profissionais qualificados e entre em contato com a WG.
Emanuella Xavier - economista, planejadora financeira e sócia da WG Finanças Pessoais