Alguns colunistas e economistas têm alertado em vão e acho que devo tomar a mesma atitude embora ache que não vá surtir efeito.
Vivemos um período único na economia brasileira. Nunca estivemos com tantas pessoas com um poder aquisitivo considerado razoável, a inflação continua sob controle, as taxas de juros caindo e o Brasil, apesar do chamado PIBinho, continua com uma economia bem superior a de países desenvolvidos.
E o que estamos fazendo com isso? Poupando, investindo, nos capacitando ou comprando bens que possam se valorizar? Não, estamos consumindo bens perecíveis, reformando nossas casas, mudando de carro em uma frequência nunca antes vista e principalmente, viajando. O brasileiro viaja no réveillon porque na sua cidade não tem nada, viaja em dezembro ou janeiro, pois são as férias escolares, no carnaval porque "ninguém merece" ficar em casa no carnaval, mais uma vez ao ano para "desestressar" e emenda um ou dois feriados ao longo do ano.
O brasileiro, otimista que é, acha que está bem de vida porque trabalhou muito ou porque enfim o chefe reconheceu seu valor, porque o seu modelo de negócio é muito bom ou até mesmo porque deu sorte. Mas em momento nenhum ele considera que pode ser tudo um momento vivido pela nossa economia nacional e que em algum momento poderemos mudar de situação.
Ouvi recentemente a mesma frase em dois locais diferentes; logo após reclamar bastante do patrão, dois funcionários de diferentes estabelecimentos completaram o pensamento dizendo: "qualquer coisa manda embora, emprego não falta por aí, consigo um no dia que sair daqui". Essa frase traduz bem o sentimento do nosso povo no momento. O que vem de ruim é culpa do governo e o que vem de bom é mérito nosso. O alerta continua: em período de boa economia devemos usar parte dos nossos recursos para melhorarmos de vida e parte para nos prepararmos para períodos de dificuldade. Não custa relembrar.
Lucas Radd - economista e sócio da WGFP, planejador financeiro pessoal CFP® e gestor de carteiras CGA pela Anbima