Tal afirmação parece estranha no começo de um ano, porém a natureza dessa afirmação envolve noções de finanças pessoais. O planejamento das suas despesas e receitas deve fazer parte de sua rotina de controle financeiro. Se na sua lista de resoluções de fim de ano está o maior comprometimento com suas finanças, principalmente a redução de gastos, siga a leitura dessa lista rápida para cumprir a sua meta.
1- Conheça o seu padrão de vida
Você tenta lançar os seus gastos em planilhas e a descrição padrão contida nelas não se adequa a sua realidade? Você nem sabe como lidar com planilhas e muito menos como agrupar os seus gastos e receitas? Comece a anotar todos os seus gastos feitos em todas as formas de pagamento, cartão de crédito, de débito, dinheiro, cheque e descreva do que se trata cada valor. Com o tempo, cada lançamento se torna mais fácil. Em seguida, analise tudo o que foi anotado, observando uma trajetória recorrente, de forma a compreender qual o seu típico orçamento doméstico para, no futuro, ter margem de manobra em caso de imprevistos. Assim você terá um retrato claro de qual o seu padrão de vida e se ele está adequado aos seus ganhos.
2- Reconheça o seu perfil de gastos
Porque você gasta? Em que circunstâncias você compra? Algo de necessidade primária? Compra quando está triste, quando quer o produto da última moda, ou não compra em hipótese nenhuma? Desacelere a vida agitada de gastos. Se você compra por impulso, tente cair na real, na sua real.
3- Aceite os seus gastos fixos
Se você já se casou e seu filho está para nascer, seus custos fixos serão aumentados naturalmente nos itens saúde, educação e lazer. Caso você esteja solteiro e sem filhos, seus custos fixos ainda não são elevados como no exemplo anterior, enquanto os seus estudos constituem grande parte do seu montante a pagar. Esses dois exemplos sinalizam como é crucial o seu entendimento do momento de vida atual para fazer um planejamento adaptado a sua realidade atual e futura.
4- Enfrente as suas dívidas
Não sabe quanto tem de dívidas? Conhece os produtos oferecidos para renegociação de dívida? Reconheça os seus desatinos de gasto e faça uma lista de suas dívidas. Atualmente, o mais fácil meio de se endividar é notadamente o cartão de crédito, por isso, verifique sua fatura e veja o que está parcelado e por quantos meses irá compor a sua fatura. Pense quais outras dívidas estão em seu nome, quais são as mais caras (juros mais altos), quais comprometem mais a sua renda e seus bens. Com essa lista, procure orientação junto a profissionais do ramo.
5- Projete o seu orçamento com cautela
Pense no quanto tem gastado e recebido nos meses anteriores e, sobretudo, posteriores. Planejar-se não significa unicamente analisar o passado, mas principalmente estimar o futuro. Tendo dito isso, quando ocupar-se do seu futuro orçamentário, utilize um princípio, consideravelmente adaptado das Ciências Contábeis, que certamente irá aumentar suas chances de acerto nas suas previsões orçamentárias: por prudência, quando estiver em dúvida sobre valores dos lançamentos, considere um valor a receber menor e os seus valores a pagar maiores.
6- Economize e invista
O seu objetivo é investir ou somente economizar? Há uma diferença entre esses dois termos. O segundo precede o primeiro na ordem natural, contudo, deve haver um propósito nesse esforço de poupança. Não adianta você poupar R$1.000 por mês se não tem clara uma destinação futura para o total de recursos poupados. Lembre-se de que poupar é a desistência do consumo atual para em um momento futuro usufruir do mesmo recurso. Trace metas para o seu dinheiro no futuro, como viagens durante o ano, educação dos filhos, cursos de aprimoramento, etc. Cada meta requer um planejamento de investimento distinto em termos de produtos, prazos e rentabilidade, com o intuito de maximizar a rentabilidade durante o período de aplicação.
7- Decisão grande envolve pensamento grande
Em certos momentos da vida, todos enfrentam dilemas importantes. Imagine-se, por exemplo, começando um ano morando de aluguel e repentinamente sendo avisado que terá de sair do imóvel? Ou morando na sua casa própria em janeiro e perdendo o emprego em julho com anos de prestações de financiamento imobiliário a pagar? Nos dois casos hipotéticos, caracteriza-se um acontecimento além do controle individual, que indubitavelmente traria impactos no planejamento financeiro de cada mês, além de envolver uma decisão de longo prazo. Quanto tempo você normalmente levaria para tomar uma decisão de resolução definitiva nos dois casos? Nesses e em outras decisões de grande impacto na sua vida financeira, sinta-se seguro. Para isso, gaste tempo para investigar todas as questões. Principalmente, não tome decisões em momentos de vulnerabilidade ou não se deixe levar pela urgência dos outros. Pesquise, converse, pergunte a pessoas certas por quanto tempo julgar necessário.
O que o décimo terceiro tem a ver com essa lista? Tudo. Se você pensa que dezembro deste ano está longe, nos lançamentos do seu orçamento doméstico não está. Pensando em planejamento financeiro, os seus gastos anuais como IPVA, IPTU, material escolar deste ano e até mesmo suas viagens nos feriados deste ano passaram pelo uso eficiente (ou não) do décimo terceiro em dezembro passado. Aproveite o ano novo para dar uma nova chance a sua prosperidade futura.
Karina Leal - economista, CPA-20 e pós-graduada em mercado financeiro é planejadora financeira pessoal na WG Finanças Pessoais