Para a maioria das pessoas que estão começando a investir agora, ou que não tem muita experiência no mercado financeiro, o maior obstáculo é sempre o medo. Medo de perder dinheiro, medo da falta de liquidez para emergências, medo da instituição financeira quebrar. Mas para todas as histórias de fracasso, existem sempre um dos fatores a seguir: falta de diversificação dos investimentos, falta de conhecimento ou falta de disciplina.
Para ajudar todos aqueles que querem superar esses obstáculos, aí vão algumas dicas para se montar uma boa carteira de investimentos.
1º Entenda e respeite o seu perfil de risco: O perfil de risco diz respeito à sua capacidade de correr riscos, junto à sua disposição para isso. O primeiro diz respeito ao quanto você consegue suportar de risco. Por exemplo, um jovem que já trabalha, sem dependentes ou custos fixos porque ainda mora com os pais, por exemplo, tem altíssima capacidade. Já a disposição, refere-se ao quanto você se sente confortável em correr esses riscos, pois não adianta ser jovem, sem dependentes ou custos, mas não conseguir dormir porque está em um investimento arriscado. Esteja ciente tanto da sua capacidade quanto da sua disposição para enfrentar a volatilidade, e respeite isso ao escolher dos seus investimentos.
2º Defina as suas metas: Saber quais são os seus objetivos é uma das partes mais importantes para uma carteira de sucesso. Isso porque o prazo de retorno esperado dos investimentos deverá coincidir com o prazo das suas metas. Não adianta fazer um investimento que o prazo de maturação é 10 anos (ações de bons fundamentos, por exemplo) sendo que você pretende comprar um carro dentro de 12 meses com esse recurso. As chances de você sair no prejuízo são grandes.
a. Curto prazo: Metas de até um ano. Exemplos: Viagens, tratamento médico, etc. O dinheiro deve ficar alocado em ativos de altíssima liquidez, e que consequentemente não apresentarão uma rentabilidade excepcional.
b. Médio prazo: 1 a 5 anos. Exemplos: troca de carro, entrada em um apartamento, casamento, filho, etc. O dinheiro aqui deverá render mais que a poupança, abrindo mão de parte da liquidez.
c. Longo prazo: Metas acima de 5 anos. É a independência financeira e aposentadoria. Nesse caso é possível assumir um pouco mais de risco em troca de uma rentabilidade maior, afinal, o seu horizonte de tempo é longo e a volatilidade de curto prazo não deve influenciar nos seus ganhos finais.
3º Entenda qual o prazo de maturação dos investimentos: É o tempo que você espera (racionalmente) que o investimento dê o retorno esperado, e que deve estar de acordo com as suas metas (item 2). Saber esse prazo te ajuda a escolher melhor os investimentos e ajusta-los as suas necessidades.
a. Curto prazo: Rentabilidade média entre 0,5% a 0,6% ao mês. Poupança, títulos do governo atrelados à Selic (Tesouro Direto - LFT), CDB, LCI, fundos DI ou de renda fixa de baixa volatilidade.
b. Médio prazo: Rentabilidade média entre 0,6% a 0,7% ao mês. Títulos do governo prefixados (Tesouro Direto - LTN ou NTNF), fundos multimercado moderados
c. Longo prazo: Rentabilidade média entre 0,7% a 1% ao mês. Títulos do governo prefixados (Tesouro Direto - NTNF) ou corrigidos à inflação (Tesouro Direto - NTNB), fundos multimercado moderado a arrojado, ações, commodities, câmbio, imóveis.
4º Saiba que a disciplina será um dos seus maiores desafios: Agora que você já sabe quais são suas metas, o montante necessário para atingi-las, e a rentabilidade média de cada tipo de investimento, faça uma estimativa de quanto precisará poupar por mês. Mas além disso, estabeleça uma porcentagem mínima da sua renda para os investimentos, para poupar mesmo nos meses em que não for possível alcançar a sua meta. A constância nos investimentos é um dos maiores segredos dos bem sucedidos.
5º Aceite a realidade de que risco e retorno andam juntos, e não existe almoço grátis. O risco de perdas nos investimentos está ligado diretamente à possibilidade de maior rentabilidade dos mesmos, e os tempos de rentabilidade excepcional sem volatilidade já passaram. Será preciso abrir mão de uma parcela da segurança da renda fixa se você quiser ir em busca do crescimento do seu patrimônio.
Tenha essas dicas em mente, tome suas decisões com cautela e bons investimentos!
Caso ainda tenha dúvidas, entre em contato com um dos nossos planejadores.
Emanuella Xavier - economista, planejadora financeira e sócia da WG Finanças Pessoais