Que cada investidor tem um perfil e que cada pessoa fica confortável em uma parte específica da curva de risco x retorno todos nós já sabemos, mas o Brasil não é mais o mesmo e deixou de haver espaço para a irracionalidade. Nosso mercado financeiro está evoluindo rapidamente: juros muito mais baixos que no passado, spread bancário sendo reduzido (a força ou não), empréstimos a taxas mais acessíveis, debêntures, LCIs e LCAs deixando de ser ferramentas apenas para grandes investidores.
Novos tempos requerem adaptação. Não cabe mais a falta de racionalidade, que durante muito tempo foi endossada por títulos públicos (aplicação menos arriscada do mercado brasileiro), pagando entre 12% e 17% ao ano. Não há mais espaço para o famoso: "prefiro ficar tranquilo com meu dinheiro na poupança". Antigamente, dizíamos que quem deixava dinheiro na caderneta de poupança estava "perdendo dinheiro", mas, na verdade, eles estavam apenas deixando de ganhar, sofrendo o chamado custo de oportunidade. Agora, a frase passa a ser literalmente verdadeira. Nossa mais tradicional aplicação não corrige nem mesmo a inflação! Caderneta de poupança agora só é melhor do que deixar dinheiro embaixo do colchão, pois nela se perde menos.
Esse alerta cabe principalmente aos mais jovens. Aqueles que não se atualizarem e continuarem a repetir as antigas máximas apregoadas pelos seus pais e avós (ex: "não confie em bancos", "ações só servem para perder dinheiro" ou "invista 100% em imóveis") vão pagar um preço alto, pois agora que temos um mercado financeiro mais desenvolvido, não desfrutaremos apenas de suas vantagens (vide juros baixos, maior liquidez e menores spreads bancários), mas também de suas cruéis, inflexíveis e, há até bem pouco tempo, esquecidas verdades: "Não há almoço grátis" e "Dinheiro não aceita desaforo".
Lucas Radd - economista e sócio da WGFP, planejador financeiro pessoal CFP® e gestor de carteiras CGA pela Anbima