É triste ter que admitir, mas não dá mais para insistir! Só a morte libertará a Geração Juros Altos.
Hoje li no Valor uma reportagem inteira sobre o conservadorismo dos investidores. Entre os vários comentários tive que ler a seguinte declaração de um advogado de 52 anos: "Quero um investimento que tenha liquidez diária e uma perspectiva de ganho razoável também."Graças a Deus o Valor não entrou no mérito de perguntar a ele o que considera um ganho razoável, pois eu aposto alto que ele diria: "Ahhh, pouca coisa... 1% ao mês estaria ótimo"!
Não tem jeito, vivemos um dilema: A grande parte dessa geração parece se recusar a investir em uma educação financeira que elucide esses pontos ao mesmo tempo em que são hoje os grandes detentores de recursos. Dessa forma, os meios de comunicação, os consultores financeiros, os gerentes de bancos e outros prestadores de serviços que necessitam desse mercado para sobreviver não podem escrever em letras garrafais um sonoro (perdoem a sinestesia): "ACORDA PRA VIDA!". Sendo assim, vou mais além; só a morte dessa turma NOS libertará, pois aí sim poderemos ler reportagens, colunas e comentários menos necessariamente condescendentes e um pouco mais instrutivos.
Os jovens já estão antenados, mas ainda estão sofrendo dos problemas financeiros da sua idade e, portanto não conseguem pagar as contas dos jornais e consultores. Para os mais velhos a educação já foi tentada, mas o dilema do tal arriscar "a economia de uma vida de trabalho" ainda gera um conflito psicológico fortíssimo.
Sendo assim, vamos doutrinando os mais novos enquanto aguardamos "a ausência" dessa geração acostumada a CDBs com liquidez diária pagando 17% a.a. (pra quem não se lembra, isso era possível há menos de 10 anos atrás).
Lucas Radd - economista e sócio da WGFP, planejador financeiro pessoal CFP® e gestor de carteiras CGA pela Anbima