Neste artigo, será abordado o efeito do trânsito nas suas finanças. Com isso, não se pretende fazer campanha para o uso de um tipo de veículo. Ao contrário, pretende ajudar você, leitor, a refletir sobre três fatores, a saber:
Fator 1: Seus Hábitos
Fator 2: Quais Gastos o Trânsito Representa no Seu Orçamento
Em primeiro lugar, não se pode ser tão radical a ponto de não cogitar de forma alguma qualquer um desses meios de transporte. Todos eles são válidos. Sendo assim, sempre considere a sua qualidade de vida versus o gasto que aquele bem gera nas suas finanças domésticas.
Vamos mencionar os principais meios de transporte: carro, moto, bicicleta, a pé, metrô e ônibus.
Andando de ônibus/metrô
Você paga somente o bilhete como passageiro. Existem outros benefícios: o de não se preocupar em conduzir o veículo; de não precisar procurar vaga de estacionamento ou pagar seguro/manutenção. Entretanto, o tempo de espera no ponto de parada, a espera dentro do ônibus e o desconforto das más condições dos veículos são fatores a serem considerados.
Andando de bicicleta
A bicicleta ainda é vista aqui no Brasil como um meio de transporte alternativo, mais utilizado para lazer. Mas, se você está pensando em aderir ao ritmo das pedaladas, considere como gastos apenas a manutenção (geralmente baixos), os equipamentos obrigatórios de segurança e possíveis acidentes. Os benefícios são imensos, a começar pelo tempo percorrido. Você irá escapar facilmente de engarrafamentos, além de fazer exercícios físicos, o que reduz o estresse e melhora sua condição física.
Andando de moto
As "bicicletas motorizadas" são ótimas para quem quer andar em veículo próprio sem desembolsar tanto quanto um carro. Os gastos com equipamentos de segurança obrigatórios, documentação, seguro, combustível, manutenção e impostos são muito mais baixos do que para quem adquiriu um carro, mas passeio em família no veículo você pode descartar. Além disso, o condutor está sujeito a condições climáticas e a acidentes, principalmente se a condução do veículo for muito arrojada e imprudente. Porém, se você vai do trabalho para faculdade ou do trabalho para casa, andar de moto é uma boa pedida.
Andando a pé
Será que o seu problema com o trânsito não seria resolvido se você mudasse para perto do seu trabalho? Claro, isso faz sentido apenas se você pretende permanecer no emprego por um tempo considerável. Imagine-se indo e vindo a pé do seu trabalho, sem enfrentar engarrafamento, e podendo observar a fila de veículos na via sem estar preso a ela. E o melhor de tudo: você sabe exatamente a que horas vai chegar ao seu destino, com chance quase nula de se atrasar pelo trânsito. Você poderia sair com pouca antecedência de casa para qualquer compromisso na mesma região. E você ainda iria fazer exercícios físicos, com a ressalva de que está sujeito às condições climáticas.
Andando de carro
Se você já tem carro e usa com frequência, ou trabalha com ele, isso já é um sinal de que ter um carro é algo relevante na sua vida. Veja o custo benefício do seu automóvel e não apenas o status que o mesmo te oferece.
Manter um carro significa elevar drasticamente os seus gastos. Apesar de ter tipos de gastos semelhantes ao de uma moto (veja tabela abaixo), os valores são maiores, por isso você deve ter grande atenção na escolha do seu modelo para que ele não represente um rombo no seu orçamento e um ralo para as suas economias.
Não adianta ter somente o dinheiro para comprar o carro, você deve calcular os gastos mensais com ele. Se preferir financiá-lo, não pense apenas no valor da prestação. Considere os outros gastos com ele. Pergunte quanto será o IPVA, faça cotação do seguro, imagine onde irá estacioná-lo e quanto seria cobrado, etc. Saiba quanto o seu carro consome de combustível por km rodado e que tipo de carro se adequa aos seus hábitos.
No quesito conforto, o carro ganha de todos. Nenhum ônibus te leva até a garagem da sua casa. Mas não adquira um carro se não couber no seu orçamento. As suas finanças agradecem.
A má escolha do seu meio de transporte influencia bastante na sua qualidade de vida. Imagine alguém que demore 4 horas por dia no trânsito, 2 h para ir e 2h para voltar do seu trabalho, o que é comum nas grandes cidades do Brasil. Além de já chegar cansado, isso significa tempo de lazer a menos com os seus amigos e familiares. Para quem ganha por hora trabalhada, significa tempo de trabalho a menos. Dessa maneira, veja a tabela abaixo resumindo os principais gastos decorrentes do seu meio de transporte eleito.
Seus Gastos | Moto | Carro | Bicicleta | Metrô | Ônibus |
---|---|---|---|---|---|
Equipamentos Obrigatórios | |||||
IPVA | |||||
Seguro | |||||
Manutenção | |||||
Bilhete | |||||
Multa | |||||
Pedágio | |||||
Prestação | |||||
Lavagem | |||||
Acidentes | |||||
*Lembre-se do custo de aquisição! |
Finalizando, aqui pretendeu-se provocar a sua reflexão do impacto financeiro que o trânsito traz ao seu orçamento doméstico. Lembre-se de eleger o seu meio de transporte considerando, primordialmente, a agilidade de locomoção e o conforto financeiro causado e não simplesmente o seu status.
Karina Leal - economista, CPA-20 e pós-graduada em mercado financeiro é planejadora financeira pessoal na WG Finanças Pessoais