Uma das perguntas mais comuns de pessoas que estão começando a se organizar financeiramente é: Vocês recomendam a utilização do cartão de crédito? E a resposta sempre varia, porque depende da situação de cada um.
Ele é uma das melhores ferramentas de pagamentos da atualidade, e se usada de forma consciente e eficiente, pode gerar inúmeros benefícios. Dentre as vantagens do uso do cartão podemos citar a sua praticidade, segurança, a possibilidade de concentração dos pagamentos em uma única data, a visualização de uma só vez das origens dos seus gastos através do extrato e os benefícios da fidelidade (prêmios, descontos, bônus, milhas). Mas a vantagem mais poderosa é o poder de compra que ele lhe dá: você consegue adquirir bens e produtos sem necessariamente ter o dinheiro para isso.
É onde mora o perigo do descontrole. Você pode facilmente perder a noção de quanto gastou, já que o cartão dá a falsa sensação de "dinheiro no bolso". Como os cartões são um convite permanente ao consumismo, eles podem se tornar uma armadilha para aqueles que têm dificuldade de controlar os seus gastos e uma das formas mais fáceis de pagar a maior taxa de juros do mercado.
Se você não se encontra em uma situação crítica de endividamento e não tem problemas de descontrole ou compulsão por compras, é muito provável que nós da equipe da WG Finanças defendamos a utilização do cartão de crédito, caso você nos pergunte. Mas para que ele não se torne o vilão do seu orçamento, listamos abaixo algumas considerações que devem ser feitas:
- Lembre-se primeiramente de que o seu limite de crédito não é renda adicional. O crédito mal utilizado é o primeiro passo para o endividamento. Considerando que o rendimento da poupança no último mês foi de 0,50% e os juros do cartão ficam na média dos 10,55% mensais, um mês de juros no cartão de crédito equivale aproximadamente vinte meses (quase dois anos) de ganhos na caderneta de poupança.
- Para evitar o seu uso indiscriminado, faça sempre seu orçamento doméstico e só o utilize caso aquele gasto esteja dentro do que você havia planejado. A fatura chegará em breve e só haverá vantagens se você fizer o pagamento integral à vista.
- Ao fazer o seu orçamento, categorize os seus gastos e estabeleça limites para eles. Um dos erros mais comuns é não registrar as despesas de forma organizada e considerar o cartão de crédito uma despesa isolada. O cartão é um meio de pagamento, e não uma despesa. Detalhar todos os gastos (roupas, lazer, combustível, etc) é essencial para identificar quando tiver extrapolado suas metas. Contabilize e inclua todas as parcelas futuras e mantenha sempre o seu orçamento atualizado, verificando o limite possível de gastos até o fechamento da fatura.
- Quanto maior o número de contas para controlar, maior as chances de descontrole. Sendo assim, evite ter muitos cartões de crédito. O ideal é ter no máximo dois, com datas de vencimento diferentes. Isso permite um melhor gerenciamento do seu fluxo de caixa e programação dos pagamentos das despesas.
- Verifique todas as vantagens e taxas do seu cartão. Cartões de instituições não financeiras (lojas, por exemplo) normalmente oferecem pouquíssimas vantagens para o uso em outros locais se não o da empresa emissora, sendo apenas mais uma oportunidade para descontrole. No caso dos cartões de bancos, quanto mais antigo o seu relacionamento, mais fácil é a negociação das taxas de anuidade (que podem chegar a zero) e maiores os benefícios. Sempre cobre do seu gerente melhores condições.
Na maioria das vezes o grande problema do cartão fica na falta de planejamento financeiro para a sua utilização de forma eficiente. Organize-se de forma inteligente para usufruir de todas as vantagens dessa ferramenta, sem ter que experimentar os seus lados negativos. Ou contate um dos nossos planejadores para que eles possam te ajudar!
Emanuella Xavier - economista, planejadora financeira e sócia da WG Finanças Pessoais