É quase impossível achar quem não reclame do quanto ganha. Todos reclamam dos preços de serviços, alimentos, almoço fora, entretenimento, etc.
É claro que não consigo falar sobre o aumento de todos os salários, mas, quanto ao salário mínimo, posso falar com certeza que foi reajustado bem acima da inflação nos últimos anos. Não vou questionar que a classe média foi a menos beneficiada, mas falar que não houve melhora é um absurdo. Mas, então, por que todos continuam reclamando?
Vou excluir o fato de que o ser humano gosta de reclamar e esse é um hábito do brasileiro, principalmente no que toca ao governo. Logo, o que concluí foi: o brasileiro acostumou-se a não poupar nas épocas de "vacas magras" e agora está simplesmente replicando o que se habituou a fazer.
Por que ir ao shopping tantas vezes se temos acesso a serviços cada vez melhores de filmes (quase na mesma velocidade) em nossa TV a cabo? Por que sair 2 a 3 vezes para restaurantes quando o serviço gourmet de nossos supermercados melhorou tanto? Parece que não, mas até outro dia não havia supermercados gourmet, marcas importadas e chefs capacitados tão acessíveis a todos nós. Por que pagar em restaurantes 120 reais em vinhos que custam 30 reais em uma boa casa de vinhos?
Não estou dizendo que devemos nos trancar em casa, mas qualquer um que não é um adolescente consegue se lembrar de como eram os bares e restaurantes há alguns anos e como estão hoje. Não ficam vazios nem um dia da semana. Esse não pode ser o retrato de uma situação financeira pior.
Já mencionei sobre viajarmos em todos os feriados (por que não fora de temporada?), irmos a academias que superam os 200 reais de mensalidade, contando com aparelhos que mal usamos, roupas de marca quando a grande parte do preço está na logo da empresa e não na qualidade do material.
A verdade é que muitas vezes fazemos as coisas mais pelo social do que pelo prazer de aproveitar um filme ou um jantar. Então, por que não convidar os amigos para uma reunião em casa? Dar presentes que falam mais pela lembrança ou pelo gesto do que pelo preço?
Isso me lembra o Roberto Justos falando que recebe vinhos e champanhas caríssimos, sendo que ele nem mesmo bebe.
Lucas Radd - economista e sócio da WGFP, planejador financeiro pessoal CFP® e gestor de carteiras CGA pela Anbima