Quem nunca viu alguém dirigindo um carro de luxo (BMW, Mercedes, Audi, etc) e pensou “queria ter tanto dinheiro quanto essa pessoa”? Quem nunca viu um apartamento grande, todo decorado com móveis caros e planejados e pensou “queria ter tanto dinheiro quanto essa pessoa”?

OK, pode ser que você não tenha pensado exatamente isso, mas provavelmente assumiu que esta pessoa tenha muito dinheiro, correto? A verdade é que a maior parte das pessoas que possuem estas coisas não são tão ricas assim. Nosso cérebro faz um raciocínio “preguiçoso” ao ver um item de luxo e rapidamente assume que o dono só o compraria se tivesse muito dinheiro sobrando. Infelizmente, a situação muitas vezes mostra exatamente o contrário.

Não gosto de generalizar comportamentos baseados em um ou dois casos isolados, então digo isso com base em mais de 100 análises financeiras: a maioria das pessoas endividadas, com problemas de orçamento ou sem nenhum patrimônio financeiro (investimentos) possui um padrão de vida muito acima do recomendado. Ora, colocando assim fica bem óbvio, certo? Mas e se eu te disser que o dono do carro de luxo mencionado acima pode ser um médico recém formado que o financiou em 60 vezes, comprometendo 30% da sua receita mensal e que o dono do apartamento acima pode ter que vendê-lo às pressas por não estar sendo capaz de manter as parcelas do financiamento imobiliário e dos empréstimos que foram necessários para reformá-lo?

Nessa hora, um clichê bobo, daqueles de Instagram, ilustra bem o cenário: “Só porque você consegue comprar algo, não quer dizer que você possa comprá-lo”.

Ou seja, se você fica desmotivado ao poupar dez, cem, mil, cinco mil reais por mês só porque acredita que a grama do vizinho é mais verde, não fique! É bem provável que a grama dele seja sintética.

Hugo Radd, CEA (Certificação de Especialista em Investimentos Anbima), é planejador financeiro na WG Finanças Pessoais

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