F&A – Finanças & Atualidades: Perdendo dinheiro sem pagar nada
É uma coisa realmente contra-intuitiva quando, mesmo ganhando alguma coisa, sentimos que podemos estar perdendo. Não sabemos bem o porquê, mas a sensação de não desembolsarmos um real nos é muito agradável. Não fui claro? Vou dar alguns exemplos.
O mecânico troca sua bateria ou os pneus do carro e não cobra a mão de obra. O eletricista fala que não vai cobrar o serviço, apenas o material. O arquiteto oferece um mega desconto no projeto se você vai às lojas por ele recomendadas. A sua operadora de internet te isenta da taxa de instalação se você comprar também o telefone fixo (aquele que você não usa e que depois de 4 ou 5 meses vai ficar mais caro do que a taxa de instalação).
Chegando nos bancos os exemplos são fartos. Se você mantém R$ 150 mil ou mais em aplicações (que rendem menos do que em gestoras independentes ou mesmo no Tesouro Direto), você fica isento da taxa de manutenção do banco. O consultor de investimentos da sua agência oferece a você uma consultoria de investimentos inteiramente gratuita mas que resulta em produtos 100% do seu banco. Sabemos que há algo errado, mas como o orçamento está sempre apertado, gostamos do sentimento.
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Recentemente nós, planejadores financeiros, temos nos deparado cada vez mais com a figura dos consultores gratuitos. O cliente se espanta ao falarmos que vamos cobrar pelo serviço de orienta-lo quanto às melhores práticas financeiras e melhores ativos para investir. Ele achava que não cobraríamos pois acreditava que a remuneração já estava embutida nas comissões. Então, explicamos que não recebemos comissões para evitar os conflitos de interesse, pois essa forma de remuneração poderia induzir o consultor a oferecer o produto A em detrimento do B se a comissão fosse muito maior.
Infelizmente a maioria concorda com isso mas acaba optando pelo consultor comissionado, da mesma forma que mantem R$ 150 mil mal remunerados nos bancos. Acho que talvez se sintam habilitados a “se defenderem” caso a orientação seja enviesada.
Enfim, acreditamos que isso esteja mudando. Cada vez mais as pessoas utilizam cartões Nubank mesmo sem milhas pois percebem que raramente as anuidades do cartão “se pagam” com as milhas recebidas. Utilizam caronas compartilhadas por perceberem que o “conforto” antes vendido não é tão confortável assim e compram cada vez menos títulos de capitalização pois o sorteio já se provou um prêmio muito menor do que a pífia remuneração do dinheiro.
Apesar de tudo, acreditamos que estamos entrando em uma fase de trocas justas e de qualidade. De remunerações claras e transparentes. Critique, analise, faça a matemática e resista à tentação do “grátis”.
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Muito bom Lucas.
Essa mudança de cultura é muito difícil pois este “esquema Brasil” de comissões em tudo que se negocia é histórico. Temos de mudar esse pensamento dentro de casa e depois difundir pela comunidade. Mas vai levar muito tempo ainda para mudar este conceito.
Parabéns pelo artigo, vou encaminhar aos meus colegas.
Obrigado Dr.
Sem dúvidas. A cultura é muito forte e as vezes é uma questão puramente de hábito.
Obrigado pelo comentário e pela confiança.
Abs