Acredito que o viés do Otimismo e Pessimismo seja o mais óbvio e presente de todos eles. Este viés tende a nos fazer superestimar a probabilidade de um evento positivo acontecer e subestimar a probabilidade de um evento negativo acontecer. É o clássico caso das pessoas que jogam na Mega Sena. A probabilidade de se ganhar na Mega Sena fazendo a aposta mínima é de 1 em 50 milhões. Como é difícil mensurar esse número, vou tentar comparar com outras probabilidades:

• A chance de ser atingido por uma peça de avião caindo é de 1 em 10 milhões.
• A probabilidade de ser canonizado é de 1 em 20 milhões.

Ou seja: é 5x mais provável que você seja atingido por uma peça de avião caindo e 2,5x mais provável que você se torne um santo do que você ganhe na Mega Sena. E ainda assim tem gente jogando na Mega Sena. Alguém que opta por investir o valor do bilhete semanalmente quase certamente terminará com um patrimônio muito superior ao das pessoas que jogam na Mega Sena.

Na minha opinião, pior do que superestimar eventos positivos é subestimar os eventos negativos e eu observo este viés quase todo dia no meu trabalho na WG Finanças. As pessoas deixam de se planejar, de investir, de garantir um futuro mais seguro porque acham que não vão passar nenhum aperto, como se fossem imunes a qualquer infortúnio. Sempre tem aquela história do “você tem que fazer isso hoje, porque não sabe o dia de amanhã” ou “de que adianta ter dinheiro se a saúde é ruim”. Poxa, já imaginou ver seu filho com uma doença grave e não ter dinheiro para pagar o tratamento?

O curioso é que estes argumentos parecem superestimar o evento ruim, sendo que na verdade o estão subestimando. Se uma pessoa realmente achasse que a saúde ficaria ruim ou que algo ruim poderia acontecer, ela tomaria providências para evitar que isso acontecesse ou pelo menos para minimizar o impacto. Exemplificando de uma outra maneira:

• Ao trocar de carro ou fazer uma viagem muito cara sem ter plenas condições para tal, usando o argumento do “posso morrer amanhã, tenho que aproveitar a vida”, tal pessoa está subestimando as chances de assumir uma dívida impagável, ter que recorrer a empréstimos bancários, deixar de sair com o cônjuge e talvez ver sua dívida virar uma bola de neve.

Acho que o exemplo mais claro das pessoas que subestimam a chance de eventos ruins acontecerem são os fumantes. As desculpas são várias: “posso parar a hora que quiser”, “eu não sinto nada, minha saúde é perfeita”, “posso morrer atropelada amanhã, não vou deixar de fumar meu cigarrinho por algo que talvez nem aconteça”.

Eu não vou estender muito este assunto para que nossa conversa não fique muito pesada. Meu intuito não é te converter em um fanático por planejamento financeiro que poupa todo o salário. Eu só quero que você se lembre que você optou por fazer uma faculdade, fazer uma pós graduação, mestrado ou doutorado, trabalhar duro todo dia, ter filhos, etc. porque você acredita no futuro. Existem ótimas ferramentas gratuitas para te ajudar a planejar este futuro, como a nossa Planilha de Diagnóstico Financeiro, por exemplo.

Então por favor, pense duas vezes antes de cair neste viés e continue se esforçando para ter um futuro tranquilo e confortável!

Hugo Radd é planejador financeiro na WG Finanças Pessoais