F&M – Finanças & Mulher: 6 erros financeiros cometidos pelas mulheres
Assim como em várias outras áreas da vida, no relacionamento com as finanças as diferenças entre homens e mulheres são visíveis. Os desafios, foco de consumo, formas de pensar e comportamentos são distintos. É consenso no mercado financeiro, por exemplo, que mulheres são melhores investidoras que os homens, já que aversão ao risco e calma ao tomar decisões são características que não combinam com o imediatismo inerente ao sexo masculino.
Ao tratar do planejamento financeiro em si, também devemos tomar cuidado com as peculiaridades de cada um. Muitas amigas e clientes, engajadas em melhorar a sua vida financeira, mas ainda sem ver resultados, já me procuraram sem saber onde estavam errando. A ideia estava correta, mas em algum momento elas se perdiam no caminho de uma organização eficiente.
Comecei então a visualizar alguns padrões de comportamento entre elas, e o propósito desse artigo hoje é mostrar alguns desses erros, para que você possa se atentar mais a eles e talvez conseguir mais facilmente evita-los. Vamos começar?
1.Fazer compras como válvula de escape
Essa definitivamente não é exclusividade do público feminino, já que todos tem algum ponto fraco que, quando bem explorado pela mídia, pega o impulso de jeito.
Mas é inegável que mulheres costumam ter mais opções e oportunidade para exceder no consumo, já que estamos sempre ligadas nas tendências, novidades, produtos milagrosos e roupas em liquidação.
Se isso já aconteceu com você (e duvido que não), lembre-se que compra não é terapia, e muito menos uma ferramenta para suprir lacunas emocionais e tensões. Chegamos em casa cheias de sacolas, mas por dentro voltamos exatamente do jeito que saímos (e mais pobres).
Para evitar isso, no momento da compra, saia da loja e adie o pagamento por 10 minutos. Pense se realmente quer, precisa e pode comprar aquele item. Perceba também se você está buscando justificativas descabidas para se convencer de responder “SIM” para as 3 perguntas anteriores, e tente se policiar para ser o mais racional possível. Resistir ao shopping e deixar de seguir marcas e lojas nas redes sociais (ou seja, tirar a tentação de vista) também ajuda bastante.
2.Não dizer “não”
Independente se você é casada, solteira ou mãe: mulheres tem uma enorme propensão a pensar mais nos outros do que em si mesmas. Acabamos cedendo mais facilmente quando um filho pede algum presente fora de época; quando uma irmã pede um dinheiro para completar o aniversário do seu sobrinho; um namorado pede o cartão de crédito para comprar a passagem da viagem das férias e nunca paga; quando uma afilhada vai fazer aniversário de 15 anos e “não podemos deixar” de dar uma joia. Qualquer situação similar a essas pode ser um desastre para o seu planejamento financeiro, então sempre que você se encontrar nelas, reflita se aquele gasto pode ser equilibrado com algum outro que você deixará de fazer, e caso não possa, pense nos motivos pelos quais você não pode dizer “não”. Valorize-se e mantenha o foco no que planejou: você deve ser a prioridade.
3.Evitar o assunto
“Finanças” é um tópico pouco interessante, e na cultura do brasileiro, naturalmente desconhecido. Não somos educados financeiramente na escola e nem na faculdade. Até 20 anos atrás convivíamos com uma inflação galopante e não fazia nenhum sentido se programar ou elaborar algum tipo de estratégia para lidar com o dinheiro, porque faria conversar sobre o tema?
Se essa dificuldade já é grande para a sociedade como um todo, imagine para as mulheres que estão no mercado de trabalho (e portanto lidando diretamente com o dinheiro) há menos tempo que os homens, e muitas vezes não precisam se preocupar com a organização porque tem alguém (normalmente o pai, irmão ou marido) que o faça.
Como resultado, muitas se complicam financeiramente, mas como não sabem o que fazer, simplesmente ignoram o problema. Evitam extratos, abrir contas e esperam chegar ao final do mês para “ver o que vai acontecer”. E é justamente aí que a coisa desanda, porque não vai cair do céu uma solução que resolva tudo num passe de mágicas.
A dica aqui é sempre encarar os números de frente. Não deixe para depois, não tenha medo de não conseguir resolver as coisas agora. É melhor que você saiba sua posição agora do que ano que vem, quanto estará muito pior. Enquanto você não tiver consciência da sua situação financeira, você nunca conseguirá controla-la.
4.Delegar
Em parte consequência (mas também uma causa) de evitar o assunto, muitas mulheres delegam para outra pessoa a sua vida financeira. Acreditam que, por esse terceiro ter mais aptidão e/ou já estar mais acostumado, será mais fácil assim.
Mas se esquecem de que, mesmo que ela não ajude com as despesas, muitas são as contribuições que pode dar na administração das contas: maior organização, perspicácia e ponderação. Quando se trata das despesas próprias e pessoais, nem se fala: não haverá pessoa melhor para tomar conta do que é seu, senão você mesma.
Se envolver nas decisões e acompanhar o fluxo financeiro da casa é importante até para manter relacionamentos estáveis e duradouros, evitando que um ou outro seja culpado individualmente por problemas que atualmente são uma das principais causas de divórcios. Portanto, não delegue, participe.
5.Não pensar em imprevistos
Raramente nós (homens e mulheres) pensamos na possibilidade de que algo dê errado. É muito mais agradável pensar que tudo ficará bem para sempre, mas todos sabemos que isso não é verdade.
Se você é solteira, você deve ser preocupar em ter uma reserva de emergências ou até mesmo um seguro de incapacidade temporária caso a sua renda caia em caso de afastamento. Na hipótese de sofrer um acidente e precisar ficar 2 meses afastada do trabalho, por exemplo, as suas contas continuarão chegando da mesma forma e você pode se complicar bastante caso não tenha o mesmo nível de renda.
Se você é casada, pensar em estar preparado para algum imprevisto é ainda menos frequente, uma vez que você tem uma pessoa que pode ajudar em momentos de dificuldade. Mas muitas se esquecem que mulheres tem, estatisticamente, uma expectativa de vida maior que a dos homens, e que a possibilidade do marido faltar é real. Em que isso afetaria a sua vida financeira? Caso você contribua para a renda da casa e consiga manter os gastos sem ajuda, você é minoria. O que normalmente acontece é não conseguir, e nesse caso é muito importante estar prevenido.
Recomendo que você converse sobre essa possibilidade com o seu marido e consiga definir algumas estratégias, além de providenciar proteções extras (seguros de vida) ainda em vida. Caso aconteça algum infortúnio, o momento será delicado para todos e isso evitará inúmeras situações desconfortáveis.
6.Não pensar na aposentadoria
Da mesma forma como nós não temos o costume de pensar que imprevistos acontecem, são maioria aquelas que entregam a responsabilidade da aposentadoria para outra pessoa.
A causa desse erro é basicamente uma junção de todos os anteriores: muitas vezes mulheres gastam as suas sobras porque compram por impulso ou porque não sabem impor limites a alguém e, portanto, fazer investimentos pensando no longo prazo é raro; não gostam de conversar sobre o assunto e acreditam que “daqui a pouco as coisas vão melhorar”, então quando isso acontecer ela vai “compensar o tempo perdido”; e forçadas pelo hábito de delegar para outras pessoas a responsabilidade de cuidar do dinheiro, acabam acreditando – algumas vezes inconscientemente – que no futuro alguém (pode ser marido, filhos, sobrinhos…) suprirá as suas demandas e portanto acabam se despreocupando.
Mas você chegar nesse ponto da sua vida, você vai precisar de tranquilidade, começando por não deixar nas mãos de outra pessoa essa possibilidade. Então comece hoje mesmo a se programar!
Por fim, deixo como sugestão nossa Planilha de Diagnóstico Financeiro, que você pode usar para planejar desde já sua independência financeira e perceber o quanto eliminar os erros que citei vai te dar tranquilidade para o futuro.
Muito bom o seu artigo Emanuella. Retrata de maneira assertiva a realidade da maioria das mulheres.